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Archive for Maio, 2011

De pé esquerdo na Estrada..

Olá queridos amigos! Aqui continuo as minhas narrativas asiáticas que não necessariamente seguirão uma ordem cronológica. Mas prometo tentar contar quase tudo que pode ser relevante caso alguém tenha o interesse de um dia vir conhecer a Ásia. – Como este post estava ficando muito longo, resolvi dividi-lo em duas partes: a minha história e dicas sobre vistos, caso alguém tenha interesse de fazer essa viagem (eu sou praticamente uma veterana em conseguir vistos, já que o Paraguai tem péssimas relações diplomáticas).

Começo com a minha história: Pois bem, o ínicio do meu roteiro começou com um sonho que eu nutria desde dezembro do ano passado: conhecer o Tibet. Para aqueles que não sabem, há uma grande briga entre o Tibet e a China, que em teoria deveria ser tudo uma coisa só, mas na prática, é uma grande burocracia, e isso é o que interessa aqui. Para se adentrar ao Tibet é necessário ter em mãos uma permissão, esta só se consegue através de uma agência de turismo comprando um tour completo, é claro. E para se conseguir essa permissão, primeiro, deve-se ter em mãos um visto pra China. E aí é que estava o meu problema. A minha viagem deveria começar no dia 13 de maio, quando eu terminasse o contrato com a escola, mas como o meu visto da China venceria no dia 6, ou eu extendia o meu visto para ficar até o dia 13 em Beijing, ou eu saia da China. Então eu resolvi terminar o contrato com a escola uma semana antes, e sair da China no dia 6 rumo a Macau, para fazer o Bungee Jump denovo, e então para Hong Kong, para pegar outro visto pra China, e aí dar entrada na minha permissão para o Tibet (que leva em geral 10 dias úteis para se conseguir), e enquanto isso eu viajaria para o Vietnam e Laos (que eu já havia providenciado os vistos enquanto estava em Beijing), depois voltaria para a China, e então iria para o Tibet.

Confuso, né? Enfim.. saí de Beijing no dia 6 pela manhã com destino a Zhuhai, uma cidade ainda na China que faz fronteira com Macau. Segundo o meu pai, era mais fácil e barato cruzar a fronteira por ali. Como eu já fui para Macau no ano passado, mas por Hong Kong, eu achei que seria só pagar uma taxa de 100Hong Kong Dolares, eles carimbariam meu passaporte, e tudo ficaria numa boa. Engano meu. Aparentemente, Zhuhai é a porta das putas e cafetões para Macau. Estava eu ali na fila, com um monte de mulheres suspeitas, esperando chegar a minha vez. O oficial do visto era um cara completamente estúpido. Ele pediu pra ver meu dinheiro em um voz de comando. Eu fiquei meio cabreira de mostrar meu dinheiro, e então, mostrei meu cartão de crédito (meu pai sempre diz que o cartão de crédito tem mais “credibilidade” do que dinheiro, ainda mais se ele for “de ouro” ou “platina”.. haha). O oficial gritou (sem exageros!): “NO CREDIT CARD! CASH! CASH! SHOW ME YOUR MONEY!” Eu fiquei mó com medo, do cara, mas tudo bem, peguei e mostrei meu dinheiro. Ele resmungou algumas coisas, me mandou sentar, fiquei mais alguns minutos esperando, e depois veio um outro oficial duas vezes mais rude me encher de perguntas (O que você estava fazendo na China?! O que você vai fazer em Macau?! Porque você quer ir pra Hong Kong depois de Macau?! Porque você não foi direto pra Hong Kong?! ..) Tentei responder todas elas calmamente e me mandaram sentar novamente. Minutos depois, o cara voltou com vários papéis e pediu para eu assinar. Estavam todos escritos em chinês e eu perguntei o que era. E então ele disse “GO BACK TO CHINA!” Ou seja, eu aparentemente era uma prostituta sem grana que estava vagando por aí e resolvi ir para Macau ganhar um extra. Ou coisa parecida.

Como não consegui entrar em Macau, tive que dar meia volta e entrar em Zhuhai novamente. E aí só cagou mais ainda. Ganhei um “cancelado” no meu carimbo de saída e entrei na China novamente. Mas como aquele deveria ser o meu último dia no país, a minha outra opção foi pegar um ônibus para Shenzhen, e cruzar a fronteira para Hong Kong. Três horinhas de viagem e cheguei finamente na imigração de Hong Kong. Então os oficiais estavam olhando o meu passaporte e viram aquele carimbo de “cancelado”, voltei para o confessionário. Graças ao Bom Jesus de Iguape que os oficiais de Hong Kong são pessoas super tranquilas que falam inglês. Então consegui explicar toda a minha história e o cara tranquilamente carimbou meu passaporte com 30 dias em Hong Kong. Uff! Peguei o metrô rumo a casa da minha tia e cheguei a tempo do jantar!

Mas os problemas maiores ainda estavam por vir, mas para resumir a história: não consegui o meu visto para voltar para China porque era feriado em Hong Kong (super fail) e com a confusão toda de viajar uma semana antes, me esqueci completamente que a minha carta de entrada pro Vietnam só valeria a partir do dia 16 (super fail 2). Então tive que pagar multa pra trocar o meu voo pro Vietnam e correr para a embaixada do Vietnam para conseguir um visto antes do dia 16. E como não consegui o visto pra China, não pude dar entrada para o Tibet. Então, vou para Thailândia.. hehe

Ainda bem que o meus problemas parecem ter acabado por aí. A partir dai, foi so alegria. Espero eu que continue sendo. Aguardem pelas historias do Vietnam e do Cambodia.

Anitão agora está em Vientiane, Laos, se refrescando na frente do ventilador. Ahh.. o verão…

Anitão posta agora em outro blog: http://joanitas.com

Sobre vistos e afins

Ter um passaporte paraguaio não é nem um pouco conveniente para uma pessoa que gosta de viajar como eu, mas graças a minha afortunada nacionalidade, aprendi muito sobre vistos e gostaria de dividir a minha paraguaia sabedoria com vocês, já que procurei bastante no google sobre, antes e durante a minha viagem, e sempre encontrei informações pela metade. Este post é um pouco diferente dos que eu costumo fazer aqui no blog, mas achei válido escrever sobre este assunto, e espero que possa ser útil casa alguém queira fazer uma viagem como esta algum dia.

Bem, isso é coisa que qualquer pessoa que viaja e tem passaporte deve saber, mas vou repetir só por desencargo de consciência.

Validade do passaporte: a maioria dos passaportes tem validade de 5 anos e não são renováveis(quando estão para vencer, tem que fazer outro!). Meu primeiro passaporte eu fiz com 11 anos e o usava até o ano passado. E isso me deu muitos problemas, pois eu estava irreconhecível na foto (parecia uma menininha de rua.. haha).  Embaixadas não costumam dar visto com passaportes com menos de 6 meses de validade. Então, fique de olho.

Se vai viajar para fora do país, sempre cheque se é necessário visto (tanto brasileiros – quanto paraguaios, hehe – podem viajar livremente pelos países do Mercosul e da Europa, mas não confie tanto em mim.. ). Para evitar a dor de cabeça, é sempre melhor procurar a embaixada/consulado do país de destino no seu país de origem. Mas se você tiver uma graninha sobrando, você pode procurar uma agência de turismo que eles resolvem o problema por um despachante para você. Mas como eu adoro burocracias, dei entrada em todos os meus vistos “na raça” mesmo, e me fodi bastante também.

Visto para China – Se você vai dar entrada ainda no Brasil, o consulado fica em São Paulo. Aí eu sugiro que você procure um despachante mesmo (foi o que eu fiz antes de vir para China, ja que sou de Curitiba). Se você tiver tempo, o jeito mais fácil é ir até Hong Kong e dar entrada lá. Você vai precisar preencher o formulário, uma foto 3X4 (eles tiram a foto lá por 40HKD), o seu passaporte (duh) e dinheiro (a taxa para o serviço “express”, que fica pronto em 1 dia útil é 400HKD; e a regular, de 2 a 3 dias úteis, eu não sei dizer porque nunca fiz).

– se você já está na China e quer extender o seu visto, em Beijing pelo menos, você precisa preencher o formulário, uma foto 3X4, taxa de 160RMB, e um comprovante de “suporte financeiro” (eu abri uma conta na China e depositei 3 mil US dólares, e entreguei uma cópia do extrato bancário). Você pode renovar duas vezes, e cada renovação vale por um mês. Passado os dois meses, você pode voltar para Hong Kong, e dar entrada em um novo visto. (eu fiz esse jogo por 8 meses, pois estava na China com um visto de turista).

Visto para Cambodia – Este foi um dos vistos mais safados que já vi.  Muito fácil de se conseguir na fronteira. Eu peguei um ônibus de Saigon – Vietnam, com destino a Phom Pehn – Cambodia; já no ônibus o motorista passa para recolher o passaporte de todo mundo e a taxa de 25 US dólares (varia de ônibus para ônibus, pois eles cobram uma comissãozinha), sem formulário, sem 3X4, assinatura ou coisa alguma. Chegando na fronteira ele te devolve o passaporte, todo mundo desce do ônibus e passa pela imigração, carimbam teu passaporte, e você volta para o ônibus. O visto nada mais é que um adesivo escrito a CANETA esferográfica o seu nome e a sua data de entrada. E mais nada.. haha

Visto para Laos – O meu eu fiz em Beijing, antes de começar a viagem. Formulário, duas fotos 3X4 e taxa de 300RMB (ela varia de acordo com a nacionalidade) para 3 dias úteis, e tinha até taxas para serviços em 1 hora. Mas como Laos é um país bem tranquilo, é fácil conseguir o “visto na chegada”. Chegando nos aeroportos tem um “guichê”, e eles fazem o visto alí na hora sem muitos problemas para todas as nacionalidades.

Visto para Taiwan – Este, de todos os vistos, foi o mais chato de se conseguir. Lembro que quando fui no consulado em Hong Kong no ano passado vi até executivos levando um fora. Eu consegui apenas 14 dias para turismo! Precisa de: foto 3X4, comprovante de “suporte financeiro”, e muita fé. Eu tive que escrever uma carta com a cópia do meu cartão de crédito e a minha carteirinha da faculdade no Brasil, explicando o porque eu não tinha um extrato bancário (não dava para tirar extrato de cartão de crédito), provando que eu era uma estudante no Brasil e tinha apenas propósitos turísticos.

Visto para Thailândia – a maioria dos países pode conseguir o visto facilmente na entrada do país. Obviamente, não o Paraguai. Dei a entrada no meu daqui de Vientiane, Laos, e fica pronto em 1 dia útil. Fiquem atentos para o horário de funcionamento: para dar entrada é só pela parte da manhã, e para pegar o passaporte, é só pela parte da tarde.  Documentos: 2 fotos 3X4, cópia do passaporte e taxa de 1.000Bath.

Visto para Vietnam –  Bem tranquilo também, mas para mim, foi uma novelinha. Se você procurar no google informações sobre vistos para o Vietnam, os primeiros sites que vão aparecer são de vistos online. São confiáveis e são cada vez mais comum. Na verdade, é uma carta de aprovação para o visto, e quando você chegar, você pega e paga pelo o seu visto. Mas fique atento com as datas (este foi o meu problema). Na carta de aprovação aparece o seu dia de chegada e ela só vale a partir daquele dia. Para garantir, faça o visto antes. Eu fiz o meu em Hong Kong, super tranquilo também. Uma foto tamanho 3X4 (eles não são muito exigentes neste quesito, então não se preocupe se a sua é tamanho passaporte ou alguma varição disso), formulário e taxa de 500HKD para serviço express em meia hora. E pasme, ficou pronto em 15 minutos!

Macau – nesta vocês saíram ganhando. O Brasil faz parte dos países que tem passe livre para Macau. Eu, paraguaia, sou considerada uma prostituta.. hahaha

É isso. Eu gostaria de colocar os endereços dos consulados também para ajudar, mas, como eu estou em Laos e aqui wi-fi é praticamente inexistente, estou escrevendo no word e quando tiver um tempo, eu atualizo este post.

Anita está com o passaporte no consulado tailandês e espera pegar o seu passaporte lindo amanhã, sem muitos problemas. (esta postando de uma Lan House e esqueceu de colocar a foto da legenda na pendrive.. haha)

Anitão posta agora em outro blog: joanitas

A Monga jornada

(Senta que o post é longo!)

Olá amigos! Depois de muito tempo em reecesso, aqui estou novamente, Yulpii!!

Finalmente comecei a minha grande viagem.. e como o prometido, tentarei postar mais frequentemente sobre as coisas que vão acontecendo ao longo de minha jornada. Mas como eu já comentei, acesso a internet está difícil, então estou aqui escrevendo no word, e quando eu conseguir me conectar, eu posto =)

Para os desinformados, minha vida útil em Beijing finalmente chegou a um fim. No dia 28 de abril terminei o meu estágio, e no dia 29, parti para uma viagem de 4 dias com meus amigos Hutong para Inner Mongolia.

Inner Mongolia é a parte da Mongólia que faz parte da China, então, em teoria não chegamos a sair da China, mas tratando-se da vista, a coisa foi bem diferente. Saímos de Beijing quase 6h da manhã em uma sexta-feira chuvosa com um grupo de quase 20 jovens turistas, que era o nosso grupo e alguns koreanos randômicos. E como eramos muitos, eu não esperava muito mais do que festa do lugar, o que ajudou a superar as minhas expectativas da viagem.

O ônibus é claro que era quebradão e desconfortável, e acompanhava um motorista chinerongo para ajudar, o que nos rendeu ficar sem gasolina na ida; o ônibus quebrar na volta e a galera ter que descer para empurrar. Somado a chinesisse, o motorista se perdeu várias vezes e parou o carro completamente no MEIO DA RODOVIA e deu a RÉ sem mais nem menos ainda NO MEIO DA RODOVIA. Mas a cereja do bolo com certeza foi  ter encontrado um carro parado na saída para Beijng com um cara dormindo dentro. O que nos fez parar novamente, acordar o indivíduo, e então pegar a saída.

Sabe o que dizem né, quando a esmola é demais, até o mendingo desconfia! Então por 750rmb por cabeça incluíndo: hotel com quartos apenas para duas pessoas, café da manhã, almoço, janta, e algumas entradas de parques; alguma coisa deveria sair errada no pacote, né?

No primeiro dia de viagem visitamos dois lugares, o primeiro foi um templo estilo labirinto que ficava em uma montanha rochosa; e a próxima parada foram 48 cavernas com Budhas, que lá pela 10º já estavamos: “outro Budha!?” E então mais longas horas dentro do ônibus que nos rendeu brincadeiras etílicas e o início da minha alergia.

O primeiro hotel era consideravelmente aceitável para os padrões chineses, alguns chineses do lobby até queriam fazer amizade e pediram meu telefone (nem chinês resiste ao meu charme chinaguaio, né? haha), e terminamos em um karaokê chinês que aparentemente era um karaokê gay, com caras dando em cima de nossos amigos.

No segundo dia foram mais longas horas dentro do ônibus. A ideia era que apreciassemos a vista de dentro do ônibus, mas aquilo era tão desconfortável que só nos deixava cansados e com sono. Mas o nosso guia foi preparado para não nos deixar dormir, e toda vez que estavamos prestes a caindo no sono, ele prontamente ligava as músicas mongois para a nossa alegria, ou não. O plano era ir para o “Grassland”, andar a cavalo e acampar nos Yurt. Mas como o tempo não estava bom (aparentemente estava nevando no começo de maio(!?1)), trocamos a ordem das atrações, e fomos a um museu apreciar dinossauros mongóis (!?2). Mais horas corridas, chegamos no Grassland. Como é o início do verão, de verde, o lugar não tinha nada, mas ainda sim, foi a parte mais divertida da viagem. Descendo do ônibus, os mongóis (adoro dizer isso) foram correndo para nos receber com cantorias e “Baijiu”, lê-se “páitchiôu”, que é uma cachaça chinesa extremamente barata, e de acordo com o nosso guia, seria uma tremenda falta de educação recusar a bebida. E esse ritual se repetia em todas as refeições, ou seja, alergia para mim durante a viagem inteira. A temperatura de lá caiu drasticamente durante a noite, aparentemente chegou a -3ºC e não tinha aquecedor nos quartos. Naquele frio, eu fui a única louca que se despiu completamente no banheiro para então descobrir que não tinha água no chuveiro.. o que pra mim fazia muito sentido, pois acho que ninguém queria tomar banho naquelas condições.  A solução para nos aquecer foi obviamente beber mais álcool ao redor de uma fogueira.

O terceiro dia ainda amanheceu frio, mas ensolarado e com pouco vento. Perfeitas condições para se andar a cavalo. Esta atração tivemos que pagar a parte, custou aproximadamente R$50 reais por duas horas de cavalo mongol. O legal era que o cavalo não era puxado por uma cordinha e guiado por alguém. Você sentava no bichinho, e se algo acontecesse, alguém montado vinha correndo para te socorrer. Sem muito segredo.

Para o resto do dia a atração era ficar dentro do ônibus, até que chegassemos ao hotel da próxima cidade. Um outro karaokê gay para finalizar a noite, e uma boa noite de sono em um hotel que superou completamente as nossas expectativas, tinha até cortina no chuveiro! (Uau!!)

No quarto e último dia de nossa jornada finalmente fomos ao deserto andar de camelo.. que foi um pouco decepcionante para mim. Mas tratando-se da China, eu não deveria esperar muita coisa mesmo. O lugar era completamente turístico, alguns de nós estava até chamando o lugar de “deserto falsificado”, o que é meio redundante tratando-se de um deserto chinês, mas tudo bem.

Note que no horizonte da foto existem algumas chamines de fabricas..

O passeio de camelo foi legal apenas pelo fato de se estar montado em um camelo no meio de dunas de areia, fora isso, nada de especial. O bicho fedia e era guiado por uma cordinha.

E para o resto do dia, obviamente, mais ônibus. Chegamos em Beijing as 2 da manhã com muita dor no corpo, fome, e areia no sapato. O resto é história de boteco, sem baijiu, por favor.

Anitao esta se preparando para a sua viagem para o Vietnam, e espera que ela encontre menos problemas por la. E ela pede desculpas por nao revisar o texto. Deu preguica daqui desse computador que ela encontrou para postar..

Anitão posta agora em outro blog: Joanitas